quarta-feira, 11 de abril de 2012

Primeira Postagem Séria - mas ainda experimental

Uma das coisas mais interessantes da contemporaneidade é o não-dualismo, ou, como eu gosto de explicar para mim mesmo, a capacidade de pensar multidimensional - claro que explicações melhores podem ser obtidas no google. Não sei se em algum momento da história a humanidade foi capaz de racionalizar de forma não linear e não pragmática, mas acredito que não. E imagino que seja decorrência direta do contato permanente de qualquer pessoa - desde que o queira - com múltiplas formas de pensar e compreender o mundo, algo certamente inédito e tornado possível pelo avanço da Internet, redes sociais, blogs etc.
Há algum tempo vi uma pesquisa sobre o jovem brasileiro. A pesquisa definia uma faixa etária para caracterizar o que significa jovem, que me deixou de fora por alguns anos, o que me chateou muito, mas chegava a conclusões muito interessantes sobre o perfil dessa específica faixa etária da população. Uma das principais características era justamente o não-dualismo.
Por diferente, essa é uma forma de pensar ainda estranha para a maioria das pessoas, sobretudo aquelas excluídas da faixa etária dita jovem, mas para quase todos aqueles, jovens ou maduros, que sofreram um processo de aprendizado e formação intelectual mais tradicional, linear, e que se acostumaram a assumir opiniões e valores polares. Contudo, o raciocínio não-dual se impõe e atropela, faz comer poeira, de uma forma quase darwiniana.
Combinada a superioridade competitiva à aderência das novas gerações, podemos afirmar que essa será a forma de pensar do futuro próximo, e uma nova forma de pensar molda um novo mundo - ou ao menos uma nova sociedade. Não deve ser coincidência que essa revolução do pensamento individual seja contemporânea de igualmente grandes revoluções tecnológica e econômica - ainda falarei sobre elas, talvez organize uma trilogia da revolução.
No anseio de me enquadrar como jovem, passei a tentar praticar o não-dualismo em meu cotidiano. Não vou mentir, não é nada trivial, mas os resultados são fantásticos - alguns copos de cerveja ajudam, mas em excesso induzem a certa euforia na avaliação dos resultados. Por exemplo, elimina-se todo e qualquer espaço a preconceitos, fobias, moralismos e padrões mentais pré-estabelecidos. Certo e errado, bom e ruim, a favor e contra: a natureza não é assim, e isso inclui a natureza humana. O não-dualismo é o respeito às diferenças, ao relativo, à individualidade e à coexistência.
Isso não é pouca brincadeira. É uma onda avassaladora, e não poupa nenhuma área da vida social. Nos próximos anos, provocará as mais profundas mudanças na política - onde já existe um anseio contido mas mal compreendido -, na cultura - essa muito antes de qualquer outra -, na educação - talvez um pouco traumática, mas inevitável - e nos hábitos de consumo - não há nada mais distante dessa nova realidade que a propaganda comercial.
As grandes instituições de nosso tempo - Estado, Igreja, Grande Mídia, O Mercado - estão completamente inadequadas a essa realidade nascente. Por grandes, lutarão pesado por sua sobrevivência, mas o processo não parece ser reversível. Já dizia um antigo professor meu: tudo muda, a mudança sempre vem, e chega um momento em que ela é inevitável; podemos apenas optar por abraçá-la ou combatê-la - sendo que eventualmente ela vencerá; muda-se pelo amor ou pela dor. Abraçar a mudança seria darwiniano, e há exemplos recorrentes na história da própria humanidade, mas o condicionamento mental humano sempre tende ao combate e à dor - na minha opinião, uma causa recorrente de várias coisas que podem ser todas classificadas como ruins.
Mas combater mudanças definitivamente não é próprio do pensamento não-dual.

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