sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A criança em cada um de nós

É célebre uma frase que diz que existe uma criança dentro de cada um de nós. Refere-se àquelas características que relacionamos com a infância, como a alegria de brincar ou a inocência. Mas refere-se também à vaga sensação de perda, que sofremos ao longo da infância, de características essenciais ao ser humano, como a criatividade, a sensibilidade e a capacidade de questionar.

O sistema educacional, os valores tradicionalmente passados pelos pais e a publicidade que nos cerca por todos os lados nos condicionam tremendamente antes de chegar à idade adulta. Para a grande maioria, sufocam o espírito criativo e crítico para formar trabalhadores submissos e consumidores compulsivos, principalmente consumidores de distrações tipicamente infantis, como programas de TV bobos e shopping centers de vitrines coloridas. Cidadãos conservadores com ideário infantil, como enxergar o diferente como perigoso, a crítica como ofensa e a autoridade como proteção.

Somos crianças mal crescidas quando defendemos soluções infantis ou argumentos simplórios. Quando nos posicionamos em relação às coisas por paixão e deliberadamente de costas para os fatos. Tipo "não sei o que é mas não concordo". Ou "é a minha opinião, e não importam os fatos". Ou ainda "não quero ouvir, tenho raiva de quem discorda de mim". Ninguém diz com essas palavras, mas muitos agem dessa forma.

Só uma criança acharia que deve ter sua vontade respeitada mesmo que seja desprovida de fundamento e lógica. E só uma criança acreditaria que alguém deve dar soluções mágicas para seus problemas, ou que uma solução não pode servir para mais ninguém se ela própria não gostar dela - ainda que sem argumentos que sobrevivam a uma análise lógica. Ou um adulto que age como criança.

Deveríamos continuar sendo crianças em nosso desenvolvimento interior, cultivando sempre a criatividade, o espírito questionador e a curiosidade de aprender; mas não na hora de tratar questões e problemas da sociedade em que vivemos, de atuar politicamente como cidadãos adultos dotados de responsabilidade. Hoje, parece que muitos fazem justamente o contrário.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

O Papa é Pop - mas não me engana

Não se fala no novo papa sem mencionar o quanto ele é humilde, simples, simpático, um sopro de renovação... Enfim, um sucesso de marketing como nunca se viu antes na Igreja Católica. Afinal, as igrejas estão em consonância com as tendências atuais do marketing e da promoção institucional, onde personalidades e gestos são mais importantes que ações ou idéias.

O papa fala bonito, agrada, acena pra galera, sorri para as câmeras mesmo enquanto ouve um agudo do Luan Santana. Fala em renovar a igreja, em mudar o mundo através da fé, coisas esperançosas para toda aquela gente que quer continuar se declarando católica, apesar de discordar de quase tudo que sua igreja fala. Mas, e aí?

Falar coisas como "aceitar Jesus no coração" é o mesmo que não dizer nada, apenas uma mensagem simpática que cada um entende como a melhor coisa possível em sua própria projeção. Tipo "yes, we can" ou "amo muito tudo isso". Ou seja, a igreja segue na batida dos marqueteiros modernos. Para mudar não mudando. Afinal, as idéias permanecem todas as mesmas. Quando provocado a falar de um tema mais concreto - homofobia por exemplo -, o papa se torna vago e prolixo, mas a igreja é clara em suas ações. A panfletagem feita entre os jovens da Jornada Mundial no Rio concentra-se em criticar direitos de reprodução, direitos homoafetivos, práticas sexuais, sempre utilizando-se de dogmas ultrapassados e argumentos preconceituosos.

E isso justamente entre jovens! Se a igreja não pode flexibilizar sequer sua posição em relação aos métodos contraceptivos, ela pretende se renovar em que? Pelo jeito, em sua propaganda institucional, e tão somente. A agenda continua tão conservadora e retrógrada quanto antes, mas agora é apresentada em discursos sobre mudança, renovação, "revolução através da fé". Que revolução é essa? Promover a união heterossexual reprodutiva. Sério?

Tudo bem a igreja pensar o que quiser, desde que se atenha a seu espaço. Não é o que vemos, principalmente na América Latina, continente que finalmente começa a ensaiar uma agenda mais progressista, que tanta falta faz, e que encontra na igreja católica um obstáculo. Era tudo o que precisávamos, mais uma força conservadora - agora turbinada por técnicas de marketing modernas.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Blogman - O Retorno

O blog continuava por aí, para quem o procurasse no google, mas o sujeito por trás do blog escafedeu-se por um bom tempo. Tempo suficiente para escrever sobre isso no retorno.

Comecei esse blog basicamente porque gosto de escrever, não tenho oportunidade de fazer isso em minhas atividades cotidianas e me interesso por vários assuntos que podem interessar também a outras pessoas. Mas essas pessoas nunca foram muitas. Depois de alguns meses, senti como se estivesse escrevendo para mim mesmo, então quando cansei, simplesmente parei. Assim mesmo. Sem nem avisar. Peço desculpas a todos os meus 6 leitores.

Mas nesse meio tempo aconteceram coisas que me deram vontade de escrever um pouco mais que um tweet ou um post de facebook. Aí eu pensava no blog, mas pensava também, "agora já era, ficou parado por tanto tempo"... Então essa postagem fica valendo como uma reestréia, para quem estranhar muito o salto de quase um ano no histórico.

Aos meus 6 leitores, não se preocupem. Eu não estava em coma nem em cativeiro. E me interei de questões bem interessantes nesse meio tempo, sobre as quais pretendo falar em breve. Contudo, temo que o blog não manterá a mesma qualidade fantástica que o tornou tão famoso e popular. Como o motivo para que eu tivesse parado foi a sensação de que era muito trabalho para pouco efeito, não pretendo mais catar imagens bacaninhas para ilustrar os textos, nem fazer revisões de ortografia ou textos muito elaborados. Mas as idéias permanecem igualmente ferinas, revolucionárias e potencialmente ofensivas.

Então está combinado.